Quando juvenil, passei uma fase em que perdia muitos jogos pela ansiedade em fechar os pontos. Então meu pai - professor experiente - certa noite ao jantar, disse-me: “No tênis, se você devolver cinco bolas e eu a sexta e você não devolvê-la, ganho o ponto. Se devolver nove e eu a décima, a mesma coisa. Conclusão: ganho o jogo pela regularidade e paciência.”
Isto bastou! Passei a diminuir a ansiedade, até eliminá-la, e voltei a vencer. A frase me mostrou que a pressa em “matar” o ponto, querer definir a jogada, pode nos levar a perder o ponto e o jogo.
Meu pai usava frases que, dizia ele, muitas vezes valiam por muitas aulas. Certa vez, ao perceber que eu estava novamente ansioso durante os jogos e esta ansiedade fazia com que eu arriscasse desnecessariamente e perdesse pontos fáceis, repetiu o alerta.
Eu disse a ele que assistira jogos de profissionais e estes batiam na bola “com vontade” a fim de definir os pontos. Ele aproveitou e deu-me uma lição, definindo a diferença entre profissionais e amadores, e encerrou dizendo: “No tênis profissional, tem vantagem quem acerta mais. No tênis amador, quem erra menos.”
Os erros não forçados derrubam a maioria dos amadores. Faça uma análise dos últimos jogos que perdeu e verá que, talvez, você tenha mais dado pontos ao adversário do que os pontos que ele realmente conquistou.
Tais exemplos acima, não quer dizer que devemos jogar um tênis medroso, sem ousadia, sem arriscar. Apenas devemos ousar com inteligência, no momento certo. Isto para mim ficou claro quando, num momento de minha ascensão nas competições, “bateu o medo”. O braço começou a travar. O medo de errar fez com que a minha bola não mais andasse, meu jogo ficou curto. Quanto mais receio eu tinha, mais errava!
Novamente, meu pai “fez minha cabeça” e disse-me: “O medo de errar leva ao erro!”
Parece óbvio e realmente é! Quanto mais seguramos o braço, mais o adversário cresce.Cometemos erros unicamente pelo medo de errar. Mais medo, mais erros! Elimine o medo. Saiba que você é um amador e não precisa provar nada a ninguém. Relaxe e jogue o seu jogo!
Anos mais tarde, já como professor, procurava uma expressão que resumisse minhas orientações e vi numa propaganda em um outdoor a seguinte frase: “Potência não é nada, sem controle!” Comecei a dizer aos alunos e todos entenderam que bater na bola descontroladamente, sem objetivo, direcionamento e fora dos limites, não levaria ninguém a lugar nenhum. Não adianta a força se usada sem inteligência!
Entre tantos emails, recentemente recebi de um leitor uma frase realmente verdadeira, com bom humor, escreveu-me: “Treino como um leão, jogo como um gatinho.” É uma grande verdade! Você que neste momento lê esta matéria já não passou por isso? Uma fera no treino e um lorde no jogo?
Algumas frases estão aí! Já identificou a que se aplica atualmente ao seu jogo? Uma, duas, todas? Muito bem, reflita sobre ela, faça as devidas correções e “bola para frente”, literalmente!
Henrique Terroni Filho